sexta-feira, 9 de abril de 2010

Avião Movido a Energia Solar Decola na Suiça

Protótipo decolou de Payerne, Suíça, ontem

PAYERNE, Suíça – Ontem, na velocidade de uma bicicleta, um avião movido a energia solar decolou para seu vôo inaugural, passando em um importante teste para a realização de uma viagem histórica ao redor do mundo – uma viagem que não utilizará uma gota de combustível sequer.

O Solar Impulse decolou de um aeroporto militar a uma velocidade de 45 km/h, depois de acelerar brevemente na pista. Ele ganhou altitude aos poucos e sumiu nos céus, em direção aos morros próximos.

"Nunca houve um avião desse tipo que pudesse voar – nunca um tão grande, tão leve, usando tão pouca energia. Então houve muitas perguntas para nós”, disse Bertrand Piccard, que liderou o projeto. Em 1999, ele copilotou o primeiro vôo sem escalas de balão ao redor do mundo.

Durante o vôo de 90 minutos de ontem, o avião completou uma série de manobras com suas asas pretas e brancas, tão largas como as de um jumbo 747. O tempo estava ensolarado, e havia pouco vento – uma vantagem para um avião tão leve e movido a energia solar.

Engenheiros do projeto de US$93,5 milhões vêm conduzindo pequenos testes desde dezembro, levando o avião a altitudes de menos de um metro e voando somente 300 metros de distância. Um vôo noturno está planejado para antes de julho, e então um segundo avião será construído, baseado nos resultados desses testes. Essa nave tentará dar a volta ao mundo em 2012.

"O objetivo é voar dia e noite sem combustível. O objetivo é demonstrar que com energias renováveis podemos alcançar feitos impossíveis”, disse Piccard.

Especialistas em aviação disseram que vêem um futuro em combustíveis renováveis na aviação comercial, mas eles prevêem que biocombustíveis de plantas, algas e outras fontes provavelmente terão mais sucesso que energia solar.

"Energia solar não tem ‘densidade energética’ o suficiente para abastecer aviões que devem chegar a algum lugar em um tempo razoavelmente curto” disse Hans Weber, presidente da firma de consultoria em aviação TECOP International, Inc, com sede em San Diego. Com aviões solares, “o objetivo é somente voar, e não ir a algum lugar rápido”.

O piloto do teste Markus Scherdel disse que o vôo de quarta provou que o avião pode levantar e pousar com segurança como um avião de passageiros. “Tudo funcionou como deveria”, ele disse.

Enquanto o próximo avião terá uma concha exterior, o atual protótipo tem um cockpit aberto – a versão aeronáutica de um carro conversível. Scherdel disse que o ar gelado não o atrapalhou e que estava “muito frio para moscas” que, do contrário, poderiam ter batido em seu rosto.

"Estava usando uma roupa especial e uma capa à prova de vento”, disse ele. “Eu tinha sapatos e luvas com aquecimento interno – como você pode ver, nós pensamos em tudo”.

Usando cerca de 12 mil células solares, baterias recarregáveis de lítio e quatro motores elétricos, Piccard e o co-piloto Andre Borschberg planejam levar o avião ao redor do mundo. Eles farão paradas regulares para trocar de lugar e se esticar após longos períodos na cabine apertada – e também para exibir a nave.

A circunavegação deve demorar. Com os motores fornecendo apenas 40 cavalos de potência, o avião terá uma velocidade de 70 km/h. A viagem será dividida em cinco etapas – mantendo o avião no céu por até cinco dias por vez.

Vôos solares não são novos, mas o projeto de Piccard é o mais ambicioso. Em 1980, um avião solar experimental ultra-leve chamado Gossamer Penguin voou algumas vezes com um piloto a bordo. Um projeto maior, chamado Solar Challenger, voou com um único piloto da França à Inglaterra em 1981 – uma viagem que durou mais de cinco horas.

A tecnologia de aviões solares lembra os primórdios da aviação, com os experimentos dos irmãos Wright em 1903. Wilbur e Orville Wright também progrediram aos poucos até alcançarem vôos maiores em 1905, chegando a velocidades médias de 48km/h – somente um pouco mais devagar do que o Solar Impulse.

Os estalos altos do avião suíço de quatro motores também ajudaram na sensação de nostalgia – e designers reconheceram que os mesmos rpoblemas preocuparam os primeiros aviadores.

"A primeira questão crucial foi: temos energia suficiente para voar”, disse Borschberg. “A segunda coisa crucial foi: somos capazes de pousar esse avião, ele é controlável?”.

"Foram duas horas de muita emoção”, ele disse, acrescentando que o vôo foi o ponto alto do projeto de sete anos. “O avião pousou, mas nós ainda estamos voando”.

Na quarta feira, o Solar Impulse alcançou uma altitude de 1,6 km. Após um pouso suave, Scherdel saiu do cockpit com os braços erguidos e estourou com a equipe garrafas de champagne.

Quando o avião tentar circular o globo, a equipe irá monitorar as condições mais de perto para garantir que a nave seguirá as melhores condições meteorológicas. “A volta ao mundo parecerá impossível até que nós a façamos”, disse Piccard. “Hoje já foi uma feito absolutamente incrível”.

Fonte: Info Online

terça-feira, 6 de abril de 2010

Carros Elétricos Despertam Interesse

LONDRES - Os carros elétricos vêm apresentando forte desempenho, com incentivos e novos modelos que fazem deles opções realistas, mas a atenção que estão despertando pode destacar suas falhas na comparação com os modelos acionados a gasolina ou diante de alternativas como os biocombustíveis.

A atenção que eles vêm recebendo incomoda algumas pessoas no setor de biocombustíveis, cuja popularidade em ascensão foi bloqueada subitamente pelo excesso de produção em 2007, subsequentes concordatas e perda de popularidade, devido ao estabelecimento de uma associação --contestada pelo setor-- entre os biocombustíveis e a fome em ascensão.

A gasolina pode continuar superando as duas alternativas por décadas como a menos pior das opções, caso haja adoção mais ampla de carros convencionais mais eficientes, que ajudem a reduzir as emissões de carbono e a dependência de petróleo.

A incerteza é notável no mercado mundial de automóveis e combustíveis, que movimenta entre 5 trilhões e 6 trilhões de dólares ao ano, e o único dado sobre o qual todos parecem concordar é que o número de automóveis deve continuar em ascensão, atingindo os 2 bilhões em 2050.

O ímpeto no momento favorece a eletricidade, depois da alta do preço do petróleo em 2008, generosos incentivos governamentais e uma crise paralisante no setor automobilístico mais amplo. Na semana passada, os Estados Unidos adotaram padrões de economia de combustível semelhantes aos vigentes na Europa.

Os carros ecológicos ocuparam posições de destaque este ano nos salões do automóvel de Nova York, Genebra e Detroit, incluindo modelos acionados apenas por baterias, híbridos que combinam gasolina e eletricidade e carros convencionais pequenos e que economizam mais combustível.

Os veículos elétricos acionados por baterias, no entanto, são onerosos.

A Mitsubishi Motors e a Nissan Motor anunciaram na semana passada os preços de seus carros a bateria, o i-MiEV e o Leaf, que já estão em produção ou perto disso. Os valores eram de 3,98 milhões de ienes (42,52 mil dólares) e 3,76 milhões de ienes, respectivamente, desconsiderados os subsídios governamentais, diversas vezes mais caros que os carros convencionais equivalentes.

Entre as alternativas, estão os biocombustíveis. O grande grupo petroleiro Royal Dutch Shell apostou forte no etanol, fechando em fevereiro acordo com a brasileira Cosan para uma joint venture de etanol de 21 bilhões de dólares.

O etanol produzido com cana-de-açúcar brasileira consegue enfrentar o petróleo a preços de 40 ou 50 dólares por barril, ante um preço atual de 80 dólares. Isso criou no Brasil um mercado no qual a maior parte dos carros novos são flex, acionados por qualquer mistura entre etanol e gasolina, sem custo adicional.

Fonte: Reuters/Info Online