terça-feira, 29 de junho de 2010

A NASA Explica Mudanças na Rota da Jabolani

SÃO PAULO – Golaço ou gol contra? A maior polêmica da Copa do Mundo na África do Sul até o momento ainda não tem uma conclusão. Para alguns, a bola oficial do evento, denominada Jabulani (“celebração”, em zulu), representa uma notável evolução do ponto de vista tecnológico. Para outros, o resultado deixou a desejar.

O atacante Luis Fabiano, da Seleção Brasileira, criticou. O goleiro Júlio César chamou de “bola de supermercado”. Fernando Torres, atacante espanhol, também falou mal. Kaká está entre os que elogiaram.

As maiores críticas foram com relação aos movimentos imprevisíveis, promovidos pela resposta aerodinâmica da nova redonda, especialmente nos chutes mais fortes.

Na primeira rodada, com o baixo número de gols, a reclamação foi ainda maior. Mas no fim da primeira fase da Copa, os gols voltaram. Portugal enfiou sete na Coreia do Norte. O próprio Luis Fabiano marcou dois contra a Costa do Marfim.

Para o fabricante, a Adidas, a bola representa um avanço. Mas o próprio presidente da empresa, Herbert Hainer, reconheceu que é preciso um certo tempo para se acostumar com a Jabulani, por ser “mais aerodinâmica e mais rápida”.

Pesquisadores da Nasa, a agência espacial norte-americana, e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), decidiram avaliar o comportamento da Jabulani.

No Centro de Pesquisa Ames da Nasa, na Califórnia, foram feitos testes para comparar a bola com a usada na Copa de 2006 na Alemanha, a Teamgeist (“espírito de equipe”). A Teamgeist, no lugar dos hexágonos costurados das bolas tradicionais, tinha oito painéis fundidos por um processo térmico, que elimina a necessidade de costura, mesmo interna, entre eles. A Jabulani tem 14 painéis e ganhou sulcos aerodinâmicos.

A conclusão da Nasa é que com a Jabulani os jogadores não deverão ter melhor controle do que com a Teamgeist. “É bem óbvio. O que estamos vendo é um efeito knuckle-ball”, disse Rabi Mehta, engenheiro aeroespacial no centro Ames. Knuckle-ball é um arremesso no beisebol no qual a bola não é segura com os dedos, mas sim com seus nós, resultando em movimento com acentuada curva e imprevisível para o rebatedor.

Segundo Mehta, quando a Jabulani se desloca em velocidade elevada, o ar próximo à superfície é afetado pela sua superfície, resultando em um fluxo assimétrico. Essa assimetria cria forças laterais que podem resultar em mudanças súbitas no percurso. De acordo com o cientista, a Jabulani tende a assumir o efeito knuckle ao superar os 75 km/h, o que corresponde a um chute forte.

Outro ponto a se considerar, segundo Mehta, é que vários dos estádios em que ocorrem os jogos na Copa da África do Sul estão em altitude elevada (Joanesburgo, por exemplo, fica a cerca de 1.600 metros do nível do mar). “Isso afeta a aerodinâmica da bola, uma vez que a densidade do ar é menor. Em altitudes altas, a bola tende a se deslocar mais rapidamente, com menos empuxo”, disse.

Maior arrasto

Os pesquisadores Gilder Nader e Antonio Luiz Pacífico, do Laboratório de Vazão do IPT, realizaram testes no túnel de vento atmosférico do instituto com bolas de torneios oficiais de futebol.

Foram testadas as bolas do campeonato Paulista e Brasileiro deste ano e das copas de 2006 e 2010. Os testes foram encomendados pela Rede Globo. Segundo Nader, foram feitas medições com visualização do escoamento de ar em volta de cada bola. Para isto foi utilizado o sistema PIV (“Particle Image Velocimetry”) com emprego de raios laser.

“Verificamos que a bola do Campeonato Brasileiro, por exemplo, com superfície mais rugosa, do tipo clássico, tem coeficiente de arrasto (resistência ao ar) mais baixo e bom deslocamento. As bolas das Copas apresentaram um ‘descolamento’ mais rápido e maior coeficiente de arrasto”, disse.

Ao ser chutada, a bola ganha uma velocidade inicial que vai diminuindo até que, em um determinado momento, atinge o chamado “ponto de crise de arrasto”, explicou Gilder.

“É quando ela faz uma curva. Com a bola do ‘Brasileirão’, esse ponto demorou mais para ser alcançado, em uma velocidade de aproximadamente 13 metros por segundo. A Jabulani atinge esse ponto e faz a curva bem antes, em uma velocidade que ainda vamos medir com exatidão”, disse.

As bolas de futebol evoluem constantemente, com as grandes novidades surgindo justamente em cada Copa do Mundo. As atuais, e não apenas a Jabulani, são muito diferentes das usadas há meio século. Na Copa da Suécia, em 1958, por exemplo, a bola era de couro curtido, chamada de “capotão”, pesada e que se encharcava em dias chuvosos, dificultando a precisão dos chutes.

Mas isso, claro, não impediu que o Brasil fosse campeão nem que um certo garoto apelidado de Pelé, então com 17 anos, assombrasse o mundo com momentos antológicos, como o gol na final, em que deu um lençol no zagueiro sueco e chutou a bola ainda no ar para o fundo das redes e da história. Mostrou que craque que é craque dá show com qualquer bola. E isso o mundo já está vendo na Copa da África do Sul, independentemente das polêmicas da bola.

Fonte: Agência Fapesp/Info Online

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Pulmão Eletrônico é Criado em Harvard

Agência FAPESP – Um pulmão eletrônico acaba de ser desenvolvido por cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. O grupo criou um dispositivo que simula o funcionamento de um pulmão em um microchip.

Do tamanho de uma moeda, o equipamento atua como se fosse um pulmão humano e é feito de partes do órgão e de vasos sanguíneos. A novidade está na edição desta sexta-feira (25/6) da revista Science.

Por ser translúcido, o pulmão eletrônico oferece a oportunidade de estudar o funcionamento do órgão sem ter que invadir um organismo vivo. Por conta disso tem, segundo os autores do estudo, potencial de se tornar uma ferramenta importante para testar efeitos de toxinas presentes no ambiente ou de avaliar a eficácia e segurança de novos medicamentos.

“A capacidade do pulmão no chip de estimar a absorção de nanopartículas presentes no ar ou de imitar a resposta inflamatória a patógenos demonstra que o conceito de órgãos em chips poderá substituir estudos com animais no futuro”, disse Donald Ingber, fundador do Instituto Wyss, em Harvard, e um dos autores da pesquisa.

Segundo Ingber, os microssistemas a partir de tecidos produzidos até o momento são limitados mecânica ou biologicamente. “Não conseguimos entender realmente como a biologia funciona, a menos que nos coloquemos no contexto físico de células, tecidos e órgãos vivos”, disse Ingber.

Na respiração humana, o ar entra nos pulmões, preenche os microscópicos alvéolos (localizados nos finais dos bronquíolos) e transfere oxigênio por meio de uma membrana fina e permeável de células até a corrente sanguínea.

É essa membrana – formada por camadas de células pulmonares, matriz extracelular permeável e capilares – que faz o trabalho pesado do sistema respiratório. É também essa interface entre pulmão e sistema circulatório que reconhece invasores inalados, como bactérias ou toxinas, e ativa a resposta imunológica.

O pulmão eletrônico parte de uma nova abordagem na engenharia de tecidos ao inserir duas camadas de tecidos vivos – a fileira de alvéolos e os vasos sanguíneos em sua volta – em uma estrutura porosa e flexível.

O dispositivo consiste de uma membrana de silicone, porosa e flexível, coberta por células epiteliais de um lado e de células endoteliais do outro. Microcanais em torno da membrana permitem que o ar se desloque por ela. Ao aplicar um vácuo no dispositivo, a membrana se expande de modo semelhante ao que ocorre no tecido pulmonar real.

“Partimos do funcionamento da respiração humana, pela criação de um vácuo quando nosso pulmão se expande, que puxa o ar para os pulmões e faz com que as paredes dos sacos pulmonares se estiquem. O sistema de microengenharia que desenhamos usa os princípios básicos da natureza”, disse Dan Huh, outro autor do estudo.

Para determinar a eficiência do dispositivo, os pesquisadores testaram sua resposta ao inalar bactérias vivas (E. coli). Eles introduziram microrganismos no canal de ar do lado do pulmão no dispositivo e, ao mesmo tempo, aplicaram leucócitos pelo canal no lado dos vasos sanguíneos.

Como resultado, no dispositivo ocorreu uma resposta imunológica que fez com que os leucócitos se deslocassem pelo canal de ar e destruíssem as bactérias.

O artigo Reconstituting Organ-Level Lung Functions on a Chip, de Dan Huh e outros, pode ser lido por assinantes da Science.

Fonte: Agência FAPESP/Info Online

Materias que Vem dos Programas Espaciais

SÃO PAULO - Muitas tecnologias desenvolvidas para o programa espacial são usadas aqui mesmo, na Terra.

Uma sonda espacial mergulha na atmosfera de Titã e pousa com segurança na superfície. A mais de um bilhão de quilômetros de distância, aqui na Terra, uma máquina enche um saco de batatas fritas. Georg Koppenwallner não achava que a maior lua de Saturno tinha muito em comum com o seu salgadinho favorito — pelo menos até receber um telefonema da Agência Espacial Europeia (ESA).

A Hyperschall Technologie Göttingen, empresa de Koppenwallner na Alemanha, faz experimentos em túneis de vento e calcula a aerodinâmica de veículos espaciais, incluindo os da ESA. Desta vez, a ESA tinha um pedido incomum: será que os cientistas e engenheiros da empresa poderiam sair da sua rotina diária para ajudar a encontrar uma forma de embalar batatas fritas mais rapidamente? A equipe de Koppenwallner atendeu prontamente ao pedido. Eles encontraram uma forma de preencher 50% mais sacos usando truques aerodinâmicos com pulsos de ar para acelerar a linha de produção das batatas fritas. Pode parecer estranho que a ESA esteja ajudando uma indústria tão definitivamente não-espacial. Mas, do ponto de vista econômico, faz bastante sentido. Com dezenas de bilhões de dólares gastos em pesquisas todos os anos, a ESA, a NASA e a agência espacial japonesa JAXA têm acesso a algumas das melhores instalações e tecnologias do mundo. É aí que entra Frank Salzgeber, diretor do escritório de transferência tecnológica da ESA em Noordwijk, na Holanda.

Esqueça as histórias mirabolantes sobre a NASA ter inventado o teflon para usar em escudos espaciais, o velcro para fixar itens em gravidade zero e o suco de fruta Tang para melhorar o sabor da água reprocessada. Todos eles são produtos que já existiam e que a NASA apenas popularizou. No entanto, muitas outras tecnologias da indústria espacial de fato vêm parar no nosso dia a dia. Esta é a história de como elas são trazidas do espaço.

Espremer limão

Articulado, confiante, Salzgeber incorpora um vendedor cuja função é promover os benefícios da tecnologia espacial. Armado com um vasto conhecimento do que está acontecendo nos laboratórios da ESA e uma visão afiada de onde a tecnologia poderia ser aplicada, ele e sua rede de “vendedores do espaço” viajam pela Europa apresentando empresas em busca de soluções tecnológicas a especialistas espaciais. A equipe de dez pessoas gerencia cerca de duas dúzias de transferências tecnológicas ao ano.

Muitos dos negócios que a equipe de Salzgeber propõe são inusitados. Os mais óbvios tendem a acontecer de qualquer maneira, o que deixa a equipe de vendas simplesmente com a tarefa de “espremer o limão até a última gota”. Mas é desses resíduos que muitas vezes saem os resultados mais impressionantes. Paul Vernon, que trabalha como corretor para a ESA no Science and Technology Facilities Council do Reino Unido, em Daresbury, teve seu grande momento cinco anos atrás, quando estava visitando um laboratório na Universidade Queen Mary de Londres. Ele teve sua revelação quando o engenheiro Ejaz Huq lhe mostrou alguns artefatos espaciais incomuns através de um microscópio. Mediante um aquecimento modesto de uma corrente elétrica, as pequenas vigas de plástico em camada dupla podiam dobrar o suficiente para controlar a posição exata de espelhos em satélites.

Pensando em potenciais negócios, Vernon Huq sugeriu que ele colocasse uma das vigas num líquido para ver o que acontecia. Para sua surpresa, eles descobriram que a taxa de flexão dependia da viscosidade do líquido e, mais ainda, que essa taxa poderia ser determinada a partir da leitura eletrônica da viga. “Meu pensamento foi: onde seria possível fazer dinheiro com medidores de viscosidade descartáveis?”, Vernon recorda. “E então pensei no mercado médico.”

Foi uma ideia sagaz.

Pacientes com risco de ataques cardíacos ou derrames cerebrais precisam ter a viscosidade de seu sangue verificada regularmente, a fi m de saber quando devem tomar drogas para afinar o sangue: se o sangue está muito grosso, pode coagular; se está muito fi no, o paciente pode sangrar incontrolavelmente. Estimulado por um mercado mundial de 1 bilhão de dólares para viscosímetros de sangue, Vernon criou a empresa Microvisk, que vai transformar as vigas espaciais em dispositivos portáteis para testes. Os aparelhos Microvisk ainda estão em desenvolvimento, mas testes clínicos já indicam que eles serão os mais precisos do mercado.

Se há uma tecnologia espacial que é mais explorada na Terra do que qualquer outra, provavelmente é o GPS. Além dos seus usos mais conhecidos, como o navegador por satélite do seu carro, a lista de aplicações é impressionante. Previsão de enchentes e monitoramento de resíduos perigosos são apenas algumas das áreas benefi ciadas pela tecnologia de posicionamento por satélite. Talvez a aplicação mais inusitada e divertida venha de um ex-técnico de suporte alemão, Andy Lurling. Nos fins de semana, Lurling gostava de ver a Fórmula 1 pela televisão com seus amigos e jogar games de corrida no computador. “Nós dissemos: ei, não seria ótimo se pudéssemos juntar as duas coisas”, lembra ele, “se pudéssemos correr contra os pilotos reais de F1 e não contra o computador?”

Lurling teve uma visão de como isso poderia funcionar. Os carros de F1 modernos são equipados com centenas de sensores que acumulam dados sobre os principais parâmetros, como aceleração e freio, e os enviam de volta aos boxes. Basicamente, esses sistemas de telemetria criam cópias virtuais dos carros, que poderiam ser transmitidas em tempo real para as máquinas dos espectadores via internet. A única bandeira vermelha era o parâmetro mais importante de todos: a posição dos carros. Apesar de cada carro ser equipado com rastreador GPS, em geral eles têm precisão de apenas 15 metros, o que seria inútil para jogos. Sem saída, Lurling pediu ajuda à equipe de Salzgeber na ESA. Ao mesmo tempo, a ESA estava promovendo uma competição para encontrar novas aplicações para o Galileu, futura alternativa europeia ao GPS, mais precisa que o sistema norte-americano. Em 2006, Lurling ganhou uma disputa regional e recebeu mais de 80 000 euros para desenvolver sua ideia.

GPS corrigido

Com pelo menos quatro anos pela frente até o lançamento do Galileu, o time de Salzgeber apontou a Lurling a tecnologia que poderia preencher a lacuna e corrigir algumas das falhas da atual navegação por satélite. Dispositivos GPS comuns calculam a própria localização pelo tempo que levam para receber sinais de vários satélites com órbitas conhecidas. No entanto, erros causados pelas flutuações atmosféricas perturbam a velocidade de sinal. Para contornar esta situação, serviços mundiais como o OmniStar estimam os erros em todos os satélites do GPS e enviam correções médias aos seus assinantes.

A nova empresa de Lurling agora assina o serviço da OmniStar. Salzgeber considera esta uma de suas melhores histórias de sucesso, já que a empresa recebeu pedidos de 20 000 jogadores ansiosos para experimentar a tecnologia. Em outubro, mais de 5 000 deles testaram uma versão beta do software numa corrida de GT e a equipe de Lurling descobriu que podia medir as posições dos carros com cerca de 10 centímetros de margem de erro (real-timeracing. com). Lurling está agora em negociações com grandes fabricantes de games e, fechados os contratos, pode não demorar muito para que jogadores de todo o mundo possam estar ao lado de Lewis Hamilton.

Do outro lado do Atlântico, a NASA está por trás de alguns negócios clássicos da indústria espacial. Entre os mais conhecidos está o aspirador de pó portátil Dustbuster, da Black & Decker. A NASA pediu à Black & Decker para projetar uma broca capaz de penetrar 3 metros na superfície lunar com baixo consumo de energia. Sua eficiência permitiu à empresa construir um aspirador portátil que funciona com pilhas.

Coração e espaço

Há também a história dos cirurgiões George Noon e do falecido Michael DeBakey do Baylor College of Medicine, no Texas. Em 1984, eles realizaram um transplante que salvou a vida de um paciente que havia sofrido um ataque cardíaco. Durante décadas DeBakey vinha desenvolvendo bombas de sangue artificiais para ajudar os corações fracos, e, junto com Noon, ele queria criar uma com design melhorado. Por acaso, o paciente que eles haviam salvado era o engenheiro de foguetes da NASA David Saucier.

Saucier tinha experiência com as bombas gigantes de combustível usadas para alimentar os motores de ônibus espaciais, e conhecia três engenheiros da NASA que poderiam ajudar. Ele os apresentou a DeBakey e Noon e eles começaram a trabalhar em uma bomba de “fluxo axial” do ônibus espacial. Essa bomba contém uma hélice em formato de parafuso selada em um tubo. Experimentos em versões iniciais destruíam as células sanguíneas que passavam pela bomba, mas depois de umas 50 tentativas eles criaram um design sufi - cientemente bom para iniciar testes em animais.

Pura imaginação

Se a bomba de DeBakey e Noon existisse quando Saucier teve seu ataque cardíaco, ele poderia tê-la usado para dar suporte ao seu coração em vez de recorrer ao transplante. (Embora o transplante tenha sido um sucesso, ele faleceu mais tarde, de câncer.) Mesmo assim, desde 2003 a bomba foi usada em mais de 400 pacientes cujos corações estavam falhando. Seus benefícios incluem ser muito confiável, uma vez que tem apenas uma parte móvel e nenhuma válvula, bem como fazer pouco ruído. Mais importante, seu pequeno tamanho significa que ela também pode ser implantada em crianças.

Neste caso, os cirurgiões tiveram a sorte de tropeçar no especialista certo, mas isso nem sempre ocorre. Muitas histórias de sucesso acontecem apenas na imaginação dos corretores de transferência de tecnologia da agência espacial, que têm a difícil tarefa de fazer a correspondência entre a solução oculta para os problemas de um cliente e o banco de tecnologias disponíveis. Embora existam sites, bancos de dados e publicações, os resultados muitas vezes vêm do conhecimento geral de um corretor.

Erro de sorte Michele Brekke, diretora de parcerias inovadoras do Johnson Space Center da Nasa, em Houston, Texas, pode citar muitos casos de novos negócios extraordinários. Ela explica, por exemplo, como a tecnologia utilizada para acoplagem espacial está permitindo que milhares de pessoas enxerguem sem óculos ou lentes de contato. Chamada Ladar, a tecnologia funciona de forma semelhante ao radar, calculando a distância de um objeto com base no tempo que leva para um impulso alcançá-lo e ser refletido de volta. A principal diferença é que os pulsos são de laser em vez de ondas de rádio. O Ladar é o que permite o encontro de naves com precisão milimétrica. Para aqueles com deficiência visual, entretanto, a característica fundamental é que ele pode enviar e receber pulsos milhares de vezes por segundo. Normalmente, quando os pacientes são submetidos a cirurgia corretiva de visão por laser, os cirurgiões usam câmeras de vídeo para monitorar a posição do olho para que o laser cirúrgico atinja o lugar certo da córnea. Mas os olhos de uma pessoa fazem movimentos não captáveis pelo vídeo, o que pode forçar os cirurgiões a cancelar o procedimento. O Ladar, por outro lado, pode mapear os movimentos dos olhos com tamanha velocidade que os movimentos rápidos não importam.

Com tantos novos negócios de valor vindo da indústria espacial, os governos podem se questionar sobre as implicações mais amplas nos orçamentos das agências. Os estados membros da ESA estão firmes diante da recessão global e pedem um aumento de 800 milhões de euros no orçamento para o próximo ano. Mas a situação está mais difícil para a NASA. A proporção do orçamento federal gasta com a agência americana caiu desde os anos 90 e o Congresso ainda tem de decidir se vai conceder o dinheiro extra necessário para um regresso à exploração do espaço em voos tripulados.

Ironicamente, o negócio que melhor demonstra a importância da indústria espacial não estava em nenhum plano de missão original. É uma tecnologia que permite aos médicos procurar o tênue contorno de tumores na mamografia, o que lhes permite combater o câncer de mama sem recorrer ao bisturi. Ela está poupando milhões de mulheres de dor, cicatrizes e exposição à radiação, além de reduzir os gastos com saúde dos Estados Unidos em 1 bilhão de dólares ao ano. Principalmente, está salvando vidas. Então, de onde ela veio?

Simplificando, ela veio de um erro. Poucas semanas após o lançamento do telescópio espacial Hubble, em abril de 1990, os engenheiros da NASA ficaram atônitos ao descobrir que um espelho defeituoso estava borrando as imagens retransmitidas. A solução exigiria introduzir óptica corretiva no trajeto de luz do telescópio — os óculos do Hubble, como ficaram conhecidos. Mas os astronautas não seriam capazes de encaixá-los antes de três anos. Impacientes, os cientistas da NASA procuraram maneiras mais imediatas de corrigir as imagens. Logo eles se tornaram especialistas em manipulação de imagens digitais, criando um software para aumentar a nitidez. Desde 1994, esse mesmo software é usado pela Lorad Corporation em Danbury, Connecticut, em exames para detectar o câncer de mama.

Mesmo quando as missões falham a milhões de quilômetros de distância, nas escuras profundezas do espaço, elas podem ter sucesso além das nossas melhores expectativas aqui mesmo na Terra.

Fonte: New Scientist/Info Online

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sem Lojas Físicas, Sacks Fatura R$ 100 milhões

Atualmente, a Sack´s tem cerca de 4 milhões de visitantes por mês e mais de um milhão de compradores

SÃO PAULO - Aos 15 anos de idade, Carlos André Montenegro queria ser DJ, mas a paixão pela música o levou a outra vocação, a de empreendedor.

Em uma das viagens que fez aos Estados Unidos e à Europa para conhecer as novidades musicais e aprender sobre as tendências da época, Montenegro conheceu o site de varejo online Amazon.com.

Ali, ele descobriu a possibilidade de comprar discos importados sem sair de casa, e percebeu o potencial da internet e do comércio eletrônico.

Depois de trabalhar como estagiário no extinto buscador Cadê e de testemunhar a entrada de grandes varejistas no mercado digital brasileiro no final dos anos 90, como a livraria virtual Booknet, atual Submarino, o empresário resolveu montar seu próprio negócio na internet.

Em 2000, com 21 anos, criou a loja virtual Sack's, em sociedade com o amigo Marcelo Franco. O objetivo era vender cosméticos pela internet, usando, como ponto de partida, o estoque da perfumaria do pai de Franco.

Com um capital inicial de 20 mil dólares, eles criaram a plataforma de vendas online e providenciaram a estrutura de comércio virtual.

Foco no interior

Para encontrar um nicho de mercado, desde o início, Montenegro buscou alcançar principalmente o público do interior do país, que não tinha acesso a produtos importados em suas cidades e tampouco podia viajar para comprá-los.

Conseguiu. Apesar de não ter diminuído a clientela da loja física, com o tempo, o estoque do pai de Marcelo não era mais suficiente. Com dois anos, 70% do volume de produtos já era vendido na internet.

Dez anos depois da inauguração, a Sack's possui estoque próprio e chega registrar 4 milhões de visitantes brasileiros por mês, com mais de um milhão de compradores e uma receita de 100 milhões de reais.

Além das vendas crescentes, Montenegro também se orgulha de ser dono do único site brasileiro que comercializa marcas internacionais, como Chanel, MAC, Kiehl's, Perricone, Viktor & Rolf e Acqua Di Parma. Mesmo importados, todos os produtos chegam pelos Correios para o comprador no prazo de três a cinco dias úteis, dependendo da região do país.

Divulgação é tudo

Os contratos firmados com as marcas foram fruto de um grande investimento em marketing, para aumentar e consolidar a credibilidade da empresa, tanto perante o público, quanto diante dos fornecedores.

Durante os primeiros cinco anos de empresa, quase todo o lucro recebido era voltado para propaganda. Hoje, 10% é a fatia destinada para estratégias de divulgação.

Diante dos resultados positivos, o empresário não cogita a possibilidade de criar lojas físicas da Sack’s. Para ele, o volume de vendas de uma loja física é muito menor do que o de uma virtual, que pode atender milhares de pessoas simultaneamente.

"Na Sack's há, em média, 5.000 usuários ao mesmo tempo, podendo ter picos de até 20.000. Em uma loja física, isso seria impossível".

Mesmo assim, ele considera que comércio em lojas físicas e virtuais pode coexistir. "A Americanas.com, por exemplo, só tem a credibilidade e o reconhecimento que tem por causa da loja física que todo mundo conhece. As duas formas podem andar juntas", opina.

Fonte: Exame.com/Info Online

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Carro Elétrico Atinge 140 km/h em 10 s

Este carro é veloz e movido a eletricidade

SÃO PAULO - Uma montadora espanhola apresentou, em salão em Madri, um carro elétrico capaz de atingir 140 km/h em apenas 10 segundos.

Chamado de Dynacar, o veículo tem design de carro esportivo e foi desenvolvido pela empresa Tecnalia com um potente motor movido a bateria. De acordo com o fabricante, o automóvel é capaz de rodar 70 quilômetros antes de precisar de nova carga.

O modelo espanhol é relevante porque a indústria de carros não conseguiu até hoje criar carros elétricos potentes, capazes de arrancadas ou grandes velocidades, muito desejadas pelos motoristas, sobretudo aqueles que dirigem em estradas.

O desenvolvimento de carros elétricos capazes de substituir adequadamente os veículos a gasolina é um grande desafio às montadoras, já que as restrições a agentes poluentes devem ser progressivas nos próximos anos.

No momento, os carros verdes comercialmente mais bem sucedidos não são estritamente elétricos, mas híbridos, como o Prius, da Toyota. Os modelos híbridos são capazes de rodar com eletricidade, mas também com gasolina, para momentos em que o motorista precisa de maior autonomia ou potência.

Fonte: Info Online

Como Evitar Uso Errado do Próprio Dinheiro

É comum queimar dinheiro na bolsa, no shopping ou com a falta de planejamento

SÃO PAULO - Consultores financeiros costumam ensinar em livros e palestras que abrir mão de pequenos prazeres durante um período prolongado de tempo pode lhe ajudar a se tornar um milionário.

Em um país com juros tão altos como o Brasil, deixar de tomar aquele cafezinho todos os dias após o almoço, por exemplo, fará com que você junte uma pilha enorme de dinheiro em 40 anos. Renunciar àquilo que lhe dá prazer, entretanto, não é a melhor forma de guardar dinheiro.

Em geral, há muitos hábitos estúpidos que podem ser largados sem prejuízo nenhum à qualidade de vida ou à própria felicidade.

Em entrevista ao site americano Moneywatch.com, o psicólogo Brad Klontz explica que um dos maiores problemas, em qualquer ser humano, é que a parte do nosso cérebro que controla a lógica é muito menor do que a que controla as emoções.

Para ajudar àqueles que têm o dom do equívoco financeiro, o site listou as nove coisas mais estúpidas que alguém pode fazer com o próprio dinheiro e ouviu especialistas que ensinam a fazer melhores escolhas financeiras:

1 - Se apaixonar por seus investimentos. "Casar" com determinadas ações podem colocá-lo em perigo. A consultora financeira Lauren Tarbox conta que alguns de seus clientes se apegam emocionalmente a papéis de empresas listadas em bolsa que já estão em suas mãos há muito tempo ou que lhe renderam lucros gordos no passado.

Outro hábito bastante comum é a pessoa manter ações da empresa onde trabalha por acreditar que vendê-los seria deslealdade. A resposta para o problema é simples: diversificação. "Ninguém deve ter mais de 10% de seu capital em apenas um investimento", diz ela.

2 - Não entender que "liquidação" não é sinônimo de "bom negócio". Você quer comprar uma TV e tem duas opções que custam 500 dólares. Entretanto, um dos aparelhos mostra que o preço original era de 800 dólares. Qual dos dois você compra? A resposta mais sensata seria o televisor de melhor qualidade. Mas existem pessoas capazes de comprar aquele que está com desconto pelo simples fato de "estar mais barato".

O alerta é que o consumidor deve, em qualquer ocasião, analisar se o produto vale o preço da etiqueta, ponderando por quanto tempo pretende-se fazer uso dele e se é possível comprar outro modelo, de qualidade similar, por um preço menor.

3 - Seguir a manada. As pessoas estão cansadas de saber que performances bem-sucedidas de determinados investimentos no passado não significam bons frutos no futuro. Curiosamente, ninguém se lembra disso na hora de aplicar o próprio dinheiro.

Um estudo analisou durante 19 anos a forma como as pessoas investem em bolsa e concluiu que existe uma clara tendência de as pessoas colocarem dinheiro em ativos "quentes" pouco antes de eles "esfriarem".

O psicólogo Brad Klontz alerta que é natural que as ovelhas sigam o rebanho. Mas se você não quer cair numa roubada, deve traçar uma meta de investimentos que se adapte aos seus objetivos e permanecer fiel a ela - mesmo que seus vizinhos estejam, temporariamente, mais ricos que você.

4 - Comprar por impulso. Você não precisa e não quer comprar determinado bem. Mas basta brigar com o chefe, namorado ou amigos para que aquela vontade de comprar alguma coisa apareça.

A psicóloga Bonnie Weil fez uma pesquisa para seu livro "Financial Infidelity" e concluiu que compras por impulso, ocasionadas por estresse e afins, chegam ao valor de 424 bilhões de dólares ao ano.

Tarbox alerta que o melhor nessas ocasiões é relaxar e contar até dez antes de descontar as frustrações no bolso.

5 - Ignorar as dívidas. O número de pessoas que têm dívidas no cartão de crédito e dinheiro suficiente em conta corrente para cobri-las é chocante. Não adianta argumentar que o dinheiro guardado é para emergências.

Se a quantia em mãos é superior à dívida, não vacile e fuja dos juros altos do cartão. Guarde apenas um mês de salário completo na conta corrente e use o resto para pagar o que deve. Depois disso, comece a reconstruir o fundo para emergências.

6 - Sustentar os filhos adultos. Sustentar um filho adulto que esteja em apuros financeiros pode fazer com que os pais suspendam os planos de aposentadoria ou vivam de maneira menos confortável, explica o psicólogo Brad Klontz. Porém, imprevistos acontecem.

Sempre que precisar ajudar um filho adulto, analise o quanto de ajuda é de fato necessário. Faça apenas o que for preciso durante aquele período de dificuldade. Ajudá-lo eternamente e sem exigir contrapartidas não contribuirá para a estabilidade financeira dele.

7 - Acreditar na insegurança da internet. Atualmente, muitas pessoas consideram a internet a maneira mais prática de controlar a conta bancária. A economia pode chegar a 50 dólares por ano em trâmites dos correios.

Aqueles que não utilizam esse artifício, amplamente oferecido por instituições bancárias, justificam a escolha por considerarem a internet pouco segura. Contudo, os bancos contam com equipes técnicas e sistemas de privacidade que protegem seus clientes da melhor forma possível durante 24 horas por dia, sete dias por semana.

Agora vamos analisar a caixa de correios. Seja em casa ou no prédio, pode ter certeza de que informações são mais fáceis de serem roubadas em cartas e telegramas que nos sites das instituições financeiras.

8 - Permanecer em estado de negação. Não adianta fechar os olhos para as crises que afetam o mercado financeiro. Perdas não somem porque alguém se recusa a reconhecê-las, lamenta a consultora financeira Lauren Tarbox.

E nem sempre após a tempestade virá a bonança. Se você perdeu muito dinheiro na bolsa, em algum momento precisará admitir isso e definir o que deverá ser feito para reparar os danos.

9 - Guardar dinheiro compulsivamente. Existem pessoas que tem tanto medo de ficar sem dinheiro algum no banco que acabam por não aproveitar o conforto que suas economias podem oferecer. "Quando me deparo com pessoas que deixam de realizar sonhos que podem comprar, pergunto qual o objetivo de tanta economia", diz a consultora Lauren Tarbox.

Para quem sempre tem medo de ficar desprevenido no futuro, por que não sentar com um consultor financeiro e organizar as contas? Ao garantir um planejamento que considere cenários bons e ruins da economia, a pessoa poderá sentir-se mais segura com relação ao seu futuro financeiro e, desta maneira, aproveitar os benefícios que suas economias podem trazer.

Fonte: Exame.com/Info Online