sábado, 19 de fevereiro de 2011

Robôs Guardiões

Veículo Guardium, da isralense G-Nius: radar, infravermelho, RFID e armas de fogo

NEW YORK - Autômatos estão sendo utilizados para patrulhar propriedades particulares e fronteiras - e alguns deles estão armados.

Está quase amanhecendo e, após 10 horas de patrulha sob vento e chuva, o sentinela ainda está alerta. Cada fechadura, porta e portão na isolada propriedade militar foram checados. Armado, pronto e totalmente desprovido de medo, o sentinela tem sentidos tão desenvolvidos que é capaz de localizar um intruso a centenas de metros, mesmo durante a noite.

Ter capacidade de fazer isso seria difícil mesmo para um soldado altamente treinado. Mas essa sentinela é um robô, e sua espécie está assumindo tarefas de segurança em todo o mundo.

Ao contrário dos robôs antibombas, que são operados por controle remoto, os robôs sentinelas são, em grande parte, autônomos: eles patrulham sem supervisão até encontrar algo que demande atenção dos humanos. O exército dos Estados Unidos desenvolve robôs sentinelas desde a década de 80. O maior desafio o foi fazê-los reconhecer e evitar obstáculos reais e, ao mesmo tempo, ignorar sombras ou nuvens de poeira que podem parecer reais aos seus sensores robóticos.

Agora, a tecnologia atingiu sua maturidade e vários robôs deixaram os laboratórios e passaram a procurar invasores reais. Neste mês, a área de segurança nacional de Nevada, que faz parte da Administração Nacional de Segurança Nuclear dos Estados Unidos (NNSA, na sigla em inglês), anunciou que colocou em operação três robôs autônomos construídos pela General Dynamics Robotics Systems para proteger resíduos radioativos e outros materiais nucleares.

Chamado Sistema de Resposta por Detecção Móvel (MDARS, na sigla em inglês), cada robô é do tamanho de um carro pequeno e pode criar sua própria rota de patrulha com variações aleatórias. Pode rodar nas estradas ou fora delas. Operadores humanos só precisam intervir quando os MDARS alertam para um problema potencial. Com isso, um único operador pode ser responsável por vários robôs.

Uma pilha de torres sobre os MDARS guarda detectores de obstáculos via lasers e radar, imagens termais para detectar intrusos e câmeras de vídeo. Se descobrir algum humano, o operador pode falar com ele por meio do alto-falante do robô e interrogá-lo pelo link de áudio bidirecional. Os MDARS também podem ser equipados com uma luz estroboscópica de alta intensidade para ofuscar e desorientar os intrusos, deixando-os imobilizados até que os humanos cheguem. Um leitor de etiqueta de identificação por radio-frequência (RFID), semelhante aos usados em armazéns e supermercados, permite que o robô cheque se os itens armazenados em pilhas de carga estão onde deveriam estar. Ele também lê o status das fechaduras com RFID.

Uma arma não letal baseada em uma pistola de paintball para utilização nos MDARS foi desenvolvida pela Marinha dos Estados Unidos. Ela pode ser carregada com tinta inapagável ou bolas de pimenta que criam uma nuvem de poeira que irrita os sentidos após o impacto. Em sua forma atual, a arma será disparada pelo operador humano, mas já está em desenvolvimento uma maneira de permitir que os MDARS rastreiem e ataquem alvos de maneira independente.

A empresa israelense G-Nius Unmanned Ground Systems também está desenvolvendo um veículo off-road com elevado grau de autonomia chamado Guardium. Tem sensores visuais, infravermelhos e de radar, áudio bidirecional para interrogar invasores e pode ter um sistema RFID. O veículo tem também sensores capazes de detectar fogo inimigo e pode ser equipado com metralhadoras ou armas não letais.

Quando precisa enfrentar o que a G-Nius chama de "eventos não previstos", o Guardium responde de acordo com regras predeterminadas. Isso pode simplesmente significar mandar um alerta ao operador, mas o Guardium também pode ser programado para retornar fogo se receber tiros. Em 2009, Erez Peled, o CEO da G-Nius, disse ao site especializado Defence News que o robô já está patrulhando as fronteiras de Israel desde março daquele ano.

Na Coreia do Sul, o Samsung Techwin SGR-1, descrito pelo fabricante como “um robô inteligente de vigilância e proteção”, está sendo testado pelo exército do país com a meta de instalá-lo na fronteira com a Coreia do Norte. O SGR-1 tem sensores visual e infravermelho capazes de distinguir invasores de objetos inanimados. Se um intruso não falar a contrassenha quando questionado, o robô pode abrir fogo, com armas letais ou não letais. O SGR-1 é estático, mas há rumores de que a Samsung estaria trabalhando em uma versão móvel.

Os robôs patrulheiros construídos até agora só conseguem trabalhar em ambientes conhecidos e fáceis de navegar, mas no futuro é possível imaginá-los percorrendo as ruas da cidade. O projeto Street View do Google reuniu dados de telemetria laser de várias cidades que podem ser usados para a construção de mapas 3D que um robô pode usar. Recentemente, o Google anunciou que testou com sucesso um carro sem motorista.

Agora que robôs automatizados de patrulha ganharam a confiança dos militares e estão sendo usados como sentinelas, é possível que haja pressão para estender seu uso a outras áreas, até porque eles podem ser mais baratos do que outros sistemas de vigilância. De acordo com Bradley Peterson, da NNSA, os robôs MDARS representam uma maneira mais barata de proteger a área de segurança nacional em Nevada do que instalar uma rede de câmeras em circuito fechado de TV.

Mas outra história é saber se será aceitável permitir o uso de robôs armados patrulhando as ruas. "A operação autônoma e a identificação de alvos estão apenas a um curto passo de distância do assassinato automatizado. E não há possibilidade de uma máquina fazer uma escolha dessas," diz Noel Sharkey, da Universidade de Sheffield, no Reino Unido.

Fonte: New Scientist/Info Online

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