quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Dá para Viver de Game

SÃO PAULO - Produzir jogos é o ganha pão de centenas de brasileiros.

Quando trabalhava programando aplicativos comerciais, há dez anos, Marcelo Oliveira, de 29 anos, tinha um bom salário, mas não estava satisfeito. “Voltava para casa para fazer o que queria, produzir games”, conta. Não demorou para que ele seguisse sua paixão. Quando se formou em ciência da computação, em 2005, abriu uma empresa de produção de jogos, a Green Land Studios. Hoje é programador do estúdio paulista da Ubisoft, uma das maiores publicadoras de jogos do mundo.

Se você, como Oliveira, sonha em trabalhar produzindo jogos, pode pensar na possibilidade. O mercado é pequeno, mas tem crescido nos últimos anos. Há centenas de brasileiros ganhando a vida assim. “A indústria de games brasileira está vivendo sua primeira fase de maturidade”, afirma Winston Petty, presidente da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos, a Abragames.

Em 2008 havia 560 profissionais em 42 empresas brasileiras que produziam jogos eletrônicos, com faturamento de 87,5 milhões de reais, segundo a Abragames. “São poucas empresas, a maioria delas pequenas. Mas algumas já têm estabilidade”, diz. O salário médio dos profissionais da área é de 2 273 reais.

Mercado globalizado

O mercado interno é formado principalmente pelas agências de publicidade e pelas empresas que encomendam jogos de treinamento, afirma Petty. Mas 43% da produção nacional é destinada à exportação, segundo a Abragames. Na Overplay, de Campinas (SP), 30 funcionários dedicam-se a jogos como o Winemaker Extraordinaire, vendido em 20 países. “Abrimos a empresa em 2004 e fomos a feiras internacionais mostrar nosso trabalho. Só em 2007 apostaram em nós”, conta Jairo Magartho, sócio da produtora.

O governo brasileiro tem investido na área de games, com apoio às empresas que desejam expor em feiras internacionais e com concursos como o BRGames, do Ministério da Cultura. O cientista da computação Philip Mangione, de 31 anos, foi um dos vencedores da competição e vai receber 70 mil reais para seu jogo. “Desejo gerenciar projetos num grande estúdio, e, no futuro, ter minha própria empresa”, diz.

Na produção de jogos, os profissionais se dividem em papéis como programador, artista de som, artista de gráficos 2D e 3D, produtor (gerente do projeto), testador e designer (roteirista). A recomendação dos profissionais, para quem pretende trabalhar num estúdio, é especializar-se numa função específica. “É importante ter uma visão geral, mas focar numa área é essencial”, afirma Tarqüínio Teles, diretor-presidente da Hoplon, estúdio brasileiro que obteve capital de risco para fazer o jogo online multijogadores Taikodom.

Onde aprender

A maioria dos profissionais que desenvolve jogos adquiriu conhecimento sobre essa atividade dentro de uma empresa, diz Ivan Patriota, diretor de operações da Meantime Mobile Creations. A empresa sediada no Recife (PE) contrata profissionais de diversas áreas. Criada em 2003, a Meantime já produziu 60 títulos e tem uma equipe de 23 pessoas.

A Ubisoft montou seu estúdio em São Paulo em busca da criatividade brasileira. A equipe tem 48 profissionais. “No Brasil há bons programadores e artistas que sabem trabalhar em equipe”, afirma Bertrand Chaverot, diretor da empresa no Brasil. Ele tem dificuldade para achar um bom designer de games. “Não há profissionais com experiência e os cursos são novos”, diz.

No Brasil há cursos voltados para quem deseja trabalhar com jogos. Na avaliação de profissionais da área, eles estão amadurecendo. “Tem professores que não conhecem tanto sobre games”, diz Philip Mangione. Ele foi aluno do curso de pós-graduação Games: Produção e Programação, no Senac-SP, que tem como objetivo formar empreendedores na área. “Há gente que se reúne para fazer um jogo, mas não consegue tocar o negócio”, diz Cláudio Bueno, coordenador do curso.

Paulo Biagioni, de 28 anos, graduou-se em 2007 em Design de Games, na Universidade Anhembi Morumbi. “Gostei do curso, pois ensina a entender o mercado e a construir um jogo original”, diz.

O Curso Superior de Tecnologia em Jogos Digitais da PUC-SP é generalista. Tem disciplinas como roteiro, marketing e laboratórios. Para o coordenador do curso, Rogério Cardoso dos Santos, o cenário é otimista. “Empresas oferecem vagas para os alunos. É um mercado aquecido”, diz.

Produção brasileira

2 273 reais é o salário médio no setor de jogos no Brasil

87,5 milhões foi o faturamento da área de software de games no Brasil

560 profissionais estão empregados em 42 empresas que produzem games

Fonte: Revista Info

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